RMB & AMIGOS

RMB - A Origem

Caros amigos,

Acho que agora vai!!

Meu nome é José Marcos, também conhecido como Marquinhos.

Foi com imenso prazer que recebi a incumbência de contar a bonita e curiosa história deste grupo de amigos. Espero não ser traído pela memória. Sinto-me orgulhoso de ter sido o responsável pela união destas pessoas tão especiais na minha vida.

Bem, a história começa nos anos 80, mais precisamente em 1981, quando aos 15 anos de idade, me matriculei no Instituto Guanabara, localizado na Tijuca (RJ). Durante os três anos em que cursei o ensino médio, tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis. Foram tantas que prefiro não citar nomes, pois certamente, cometeria alguma injustiça.

A paixão pelo samba acabou estreitando meus laços afetivos com André e Josimar, também alunos. Éramos os protagonistas de inúmeras rodas de samba, no pátio do colégio. Eu, percussionista, André no cavaquinho e Josimar no violão. Vez por outra, por questões de ordem no colégio, éramos obrigados a continuar com as nossas “atividades escolares” no famoso, consagrado e renomado BAR DO CHINA, localizado na esquina das ruas Mariz e Barros com Ibituruna.

Foram inenarráveis momentos de descontração, sempre acompanhados de muitos amigos e, nem precisaríamos mencionar, muita cerveja. De todo meu período estudantil, esta foi, sem medo de errar, a melhor fase de minha vida.

Nesta época, eu já trabalhava no Banco do Brasil. Por problemas de horário, acabava sempre me despedindo mais cedo. Logicamente, alguém precisava trabalhar, para aumentar o PIB deste País.

Meu primeiro setor, dentro do BB foi a Expedição. Foi lá que construí uma grande amizade com Luiz Sérgio. Uma pessoa fantástica. Um eterno divulgador dos encantos e maravilhas de sua terra natal. Uma cidade de nome SUMIDOURO. Onde seria este lugar??? Bem… mais adiante chegaremos lá!

Em 1983, certa noite, houve uma festa de confraternização, na churrascaria NaBrasa, localizada no Largo do Machado (RJ). Lá, iríamos comemorar a aposentadoria do nosso colega de Banco do Brasil, Aloir Mendes de Freitas. Lembram-se dele? Foi maestro no Programa do Chacrinha durante muitos anos. Inúmeros funcionários, em uma enorme mesa, comemoravam aquela data especial. Não muito distante, mais precisamente na mesa ao lado ( rsrs ), surge uma tímida rodinha de samba, com pessoas estranhas à nossa comemoração. Apenas um cavaquinho e um surdo. Atraído pelo “inebriante ritmo”, me vi obrigado a mudar de mesa, abandonando aquele papo meio furado e levando para lá um prato e um garfo. Reproduzindo os movimentos de um tamborim, percebi que passei a ser observado com admiração por várias pessoas, dentre elas, Luiz Sérgio. Ao final, chegou perto de mim e perguntou: ”Se eu lhe desse um tamborim de verdade você faria o mesmo que fez aqui, hoje?  Respondi que sim, pois estava sempre participando de rodas de samba na rua onde morava e no colégio onde estudava. Então, veio o convite fatal: Uma viagem até Sumidouro para participar de um ensaio da escola de samba da cidade. Nesta época, ainda tive que pedir autorização para Papai. O pior é que, ainda assim, Serginho teve que ir até a minha casa para reforçar o pedido. Após a autorização, estava pronto para a sensacional viagem.

Era setembro daquele mesmo ano. Confesso ter vivido uma experiência única. Numa sexta-feira, sair às 19:00h do Centro do Rio, pegar o “Quase 1000″ – ônibus da CTC, linha 999 – completamente lotado até Niterói. De lá, seguir por, aproximadamente, três horas no compartimento traseiro de um FIAT 147, ano 1977. O bólido era de propriedade de um tal de Augusto. Além dele, dando palpites no banco traseiro, seu irmão, um certoAurélio. Enfim, chegamos. Repousei, confortavelmente, na casa de Dona Iná, mãe de Serginho.

Dia seguinte, pela manhã, pude conhecer Sumidouro e alguns de seus “filhos ilustres”. Um deles se chamava Carlos Alberto Pinheiro de Moura, internacionalmente conhecido no Centro-Norte Fluminense, Pirapetinga, Estrela D’Alva e adjacências comoBilico e, naquele momento, qualificado como cunhado de Serginho. Flautista muito famoso na região, herdou de seu pai, Dr. Carolino Moura, médico e maestro da Sociedade Musical Dois de Dezembro, de Sumidouro, o dom da música. Em suas raríssimas horas vagas, cumpria uma relaxante jornada de trabalho na Rede Ferroviária Federal, no Centro do Rio.

À tarde, hora de trabalhar. Começava o ensaio de bateria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Raça Brasileira. Lembram-se do dono do Fiat 147 e seu irmão? Não estavam lá à toa: Augusto era o puxador de samba e Aurélio um competente mestre de bateria. Mas de onde vieram? Como foram parar em Sumidouro ? Naquela época, Aurélio se destacava como instrutor da banda marcial do Colégio Aurelino Leal, localizado no bairro do Ingá, em Niterói RJ. Ele e Augusto eram amigos de Edésio Jr., cunhado de Luiz Sérgio, desde os tempos de colégio. Em 1981, Aurélio recebeu um convite de Luiz Sérgio para desenvolver um trabalho junto à banda do Colégio Monsenhor Ivo Saint Donin, em Sumidouro. Entre um ensaio e outro, ele e Augusto, mais um surdo e um chocalho deram um toque de percussão às lúdicas serestas estreladas por Bilico com sua flauta e Binécom seu violão, no Barzinho da D. Cléa.

Voltando ao ensaio, querem saber do resultado? Modéstia a parte, arrebentei no tamborim. Sucesso absoluto.

Como na viagem de ida precisávamos gritar dentro do carro para podermos conversar, foi sugerido a Augusto que, na volta, pusesse o carro em ponto morto sempre que uma conversa se iniciasse, diminuindo, assim, o barulho do motor.

Em um debate entusiasmado sobre a maneira como a Raça desfilava, Serginho me falou que ela descia a rua principal seguida por um Fusca com uma caixa de som em cima  e o puxador de samba ao lado. Chamei a atenção sobre a necessidade de um cavaquinho. Fiquei sabendo que a única pessoa disponível já tocava pelo Bloco 10 de Junho. Havia uma rivalidade sem precedentes entre as duas agremiações. Acabei prometendo que levaria um fera do cavaco para o próximo ensaio.

De volta à rotina, procurei André no colégio e relatei toda a minha saga. Fiz o convite e ele, prontamente, aceitou. Lá fomos nós para Sumidouro, para novo ensaio. Sucesso dobrado. André arrebentou no cavaquinho. Virou sensação na cidade.

Enfim, samba na ponta da língua e na ponta dos dedos, partimos para o sensacional desfile das escolas de samba de Sumidouro, no Carnaval de 1984. Foi um desfile sensacional. André chamou a atenção de todos com sua competência e eu sustentei, por alguns instantes, uma paradinha da bateria, sozinho, no tamborim, na praça da apoteose de Sumidouro.

Daí prá frente, começamos a fazer propaganda da cidade para diversos amigos. A cada viagem, mais uma figuraça na bagagem. Lembro-me de uma caravana que contou com, aproximadamente, doze pessoas. Chegamos a ser alojados no Grupo Escolar, local onde tive meu maior desempenho como cantor, ao interpretar com maestria ímpar, o grande e incontestável sucesso Fuscão Preto, durante um banho. Fui calorosamente aplaudido.

Como as dificuldades de acomodação estavam mais acentuadas, fomos apresentados ao grande empresário da rede hoteleira da cidade, o Sr. Manoel Machado Ortigão,conhecido por Miel. Desde então, passamos a utilizar sua acomodações: um porão composto de uma saletinha, dois quartinhos, um banheirinho. Nada mais do que uns 10 ou 12 metros quadrados. Pasmem, já dormiram oito neste espaço. O fato mais marcante, ocorrido nestas nababescas instalações, foi a cena dantesca de Josimar, sentado no chão, trajando gorro, cueca e meias, em baixa temperatura ambiente, jogando paciência. Em dado momento, interferindo no repouso dos demais que ali se encontravam, ele grita: ” Ganhei !!!! ” Acabou sendo duramente repreendido porCarlinhos, que rechaçou: “Ganhou de quem ??? Tu tá jogando sozinho !!!” ( Sem legendas )

Em todas estas incursões a Sumidouro, sempre tivemos a oportunidade de realizarmos rodas de samba em bares da cidade. Mas, uma delas foi especial e ocorreu no Bar da Dona Cléa, no bairro da Volta. Se não me falhe a memória, a escalação foi a seguinte:Bilico (Flauta), André (cavaquinho), Carlinhos (violão 6 cordas), Marquinhos (tamborim e pandeiro), Augusto (voz e chocalho) e Aurélio (surdo). Naquela oportunidade, uma idéia unânime: a formação de um regional. Bilico logo se apresentou como empresário do grupo, prometendo contratos milionários, em uma tournée pela megalópole Niteroiense. Assim, dando nome a nossa origem, surgia o REGIONAL MESA DE BAR.  As noites de Niterói bombaram. A estréia foi no Nó na Madeira. Em seguida,AABB-Niterói, Chorinho Chorado, Lá Hoje, Meia Trava e tantos outros. Em todas as casas, éramos acompanhados por AMIGOS FANÁTICOS que, certamente, não tinham muitas opções de lazer.

Já no início de nossa jornada, o Regional acolheu, com muito carinho, nosso amigoJosimar, violonista de raro talento. Com o passar dos anos, outros integrantes abrilhantaram o grupo. O percussionista e vocalista Dênis e o violonista Marcelotambém tiveram importantes participações em nossas vidas, assim como outros com passagens mais curtas mas, nem por isso, menos importantes. Mais especificamente em Sumidouro, contávamos com o reforço de dois grandes amigos e músicos da cidade: Biné(violão 6 cordas) e Zozeene (cavaquinho).

Certamente, a atividade não era rentável. Praticamente todos os integrantes tinham suas atividades profissionais e, nos finais de semana, nos encontrávamos para tomar aquela cervejinha e alegrar a noite de um “monte de gente”. Passamos oito anos de nossas vidas juntos. Fazíamos por amor à música e pelo prazer de estarmos juntos. Foram muitas risadas e gafes. Porém, o tempo foi cruel. As relações internas já não eram as mesmas e as dissidências surgiram. O Grupo encontrava-se completamente descaracterizado. Em 1991, o fim do Regional Mesa de Bar foi inevitável.

Interessado em herdar uma fortuna incalculável, pedi transferência para a Agência do Banco do Brasil, em Nova Friburgo e me casei com a filha do dono daquele hotel, em Sumidouro. Sentia muitas saudades de meus amigos e daqueles bons tempos que, aparentemente, não voltariam.

Porém, o destino quis que nos uníssemos novamente. Em um final de semana na casa deMiel, batíamos um papo na janela, quando apareceu, do nada, Augusto. Estava de passagem para São Fidélis e resolveu dar uma paradinha para um café. No meio do papo, surgiu uma sessão nostalgia do Regional. Naquele momento, tive um bom pressentimento e falei: Vou juntar esta turma novamente. Vou promover um encontro!! Miel achou difícil fazer contato com todo mundo, mas Augusto apoiou.

E aí, todos vocês sabem no que deu: Quase doze anos depois, em agosto de 2002, após um esforço inacreditável, consegui juntar o REGIONAL MESA DE BAR & AMIGOS. Naquele dia, a cada pessoa que chegava, meus olhos se enchiam de lágrimas. Fiquei muito emocionado, tamanho era o prazer de rever todas aquelas pessoas com famílias constituídas, esposas, filhos… Foi, realmente, muito gratificante poder contar com o apoio de todos. Ainda guardo alguns bilhetes de agradecimento pelo reencontro proporcionado.

No domingo, fui às lágrimas, novamente. Bateu aquele baixo astral ao ver o último amigo indo embora. Por instantes, vi todo aquele esforço indo por água abaixo. Confesso que a sensação não foi muito boa.

Durante a semana que se seguiu, veio o alento: diversos e-mails com comentários sobre o encontro, assim como vários pedidos para a realização de um outro para o ano seguinte. Era o sentimento do dever cumprido.

Em 2010, realizaremos o nono encontro e, se Deus assim permitir, outros tantos virão. Inevitavelmente, sinto-me responsável por tudo isso e carrego a deliciosa missão, juntamente com Ana Cláudia, de poder, a cada ano, lhes proporcionar um final de semana de muitas alegrias e descontração. Agradeço a todos por depositarem sua confiança e prestigiarem este evento. Temos o dever de mostrar aos nossos filhos que, apesar de todos os problemas enfrentados no dia-a dia, ainda podemos contar com uma arma muito poderosa: A AMIZADE

Eles precisam saber que os verdadeiros amigos existem. 

Fiquem com Deus !!!

Marquinhos